quarta-feira, 30 de maio de 2012

há de ser tudo da lei



O amor é a lei, mas o amor sob vontade
Aleister Crowley
citado em sociedade alternativa do poeta raul seixas


terça-feira, 29 de maio de 2012

Aretha Franklin - Think

Florbela Espanca

O Sucesso para um Grande Amor
Estou contente porque a minha querida não tem ainda o afecto exclusivo e único que há-de sentir um dia por um homem, apesar de todas as suas teorias que há-de ver voar, voar para tão longe ainda!... E no entanto, elas são tão verdadeiras! Ainda assim, minha querida Júlia, uma das coisas melhores da nossa vida de tão prosaico século, é o amor, o grande e discutido amor, o nosso encanto e o nosso mistério; as nossas pétalas de rosa e a nossa coroa de espinhos. O amor único, doce e sentimental da nossa alma de portugueses, o amor de que fala Júlio Dantas, «uma ternura casta, uma ternura sã» de que «o peito que o sente é um sacrário estrela­do», como diz Junqueiro; o amor que é a razão única da vida que se vive e da alma que se tem; a paixão delicada que dá beijos ao luar e alma a tudo, desde o olhar ao sorriso, — é ainda uma coisa nobre, bela e digna! Digna de si, do seu sentir, do seu grande coração, ao mesmo tempo violento e calmo. Esse amor que «em sendo triste, canta, e em sendo alegre, chora», esse amor há-de senti-lo um dia, e embora morto, perfumar-lhe-á a alma até à morte, num perfume de saudade que jamais o tempo levará!
No entanto, o casamento é brutal, como a posse é sempre brutal, sempre! O melhor beijo, o beijo mais doce, aquele que se não esquece nunca, é aquele que nunca se deu, disse-o um dia um poeta, e eu creio. Só para as mulheres, as tais mulheres mais animais que espirituais, é que o casamento não é a desilusão de sempre, — mas então nós? Se ganhamos um grande amigo, o que nós sofremos muitas vezes! A revolta de tudo quanto há de delicado em nós, e que se ofende e se indigna com as afrontas que são afinal uma grande lei da Natureza! E não há homem, por superior que seja, que com­preenda esta revolta e que a desculpe! Em tudo eu penso exactamente o mesmo que a minha querida Júlia; não há nada, tanto para os homens como para a mulher, que valha a liberdade tanto alma como de pensa­mento. É o casamento um grilhão de flores e risos? De acor­do, mas é sempre um grilhão. Ria, pois, e cante com a sua bela alegria, ame doidamente alguém, mas nunca abdique nem uma só das suas graças, nem uma só das suas ideias que lhe fazem vincar a fronte às vezes com uma pequenina ruga de capricho e insolência, que fica tão bem às mulheres boni­tas; não ajoelhe nunca, porque está nisso o nosso grande mal, o nosso profundíssimo erro; nós invertemos muitas vezes os papéis, e em proveito deles, e depois as consequências são muitas vezes as paixões que devastam uma vida inteira por criaturas que se dignam dar, por último, como humilde mortalha, um olhar de compaixão! O melhor de todos os homens não vale um fanatismo, creia-me, e embora a nossa alma, com essa ânsia de amor, de ternura que canta sempre em nós, se lhes dedique completamente, que eles o não sai­bam nunca, que não suspeitem sequer!... Abdicando um grau da nossa realeza, teremos de descer sempre, sempre, até ao fim. Não é verdade isto?

Florbela Espanca

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sonny Boy Williamson

"A educação do homem deve começar pela poesia, ser fortificada pela conduta justa e consumar-se na música" Confúcio



segunda-feira, 21 de maio de 2012

um pouco com ele... Drummond

 Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.
 
Carlos Drummond de Andrade
"Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma."  George Bernard Shaw

 (Edvard Munch)

terça-feira, 15 de maio de 2012

absorvendo

"[...] Já deserdado de todo o afeto, não podia mostrar a minha estima a ninguém, e, contudo, a natureza me fizera sensível! Haverá um anjo que recolha os suspiros desta sensibilidade incessantemente repudiada?[...]"
Honoré de Balzac



segunda-feira, 14 de maio de 2012

A revelação dos outros

"o pior quando deseja mudar o caminho é constatar que estaria certa ao mudar-me e ver tantas pessoas felizes por isso...todavia se tira o mais alto sabor desse pior, porque temos todas as mascaras caídas e a vantagem é que...se voltar ao caminho que antes estava, serei o demonio para os felizes, e isso até me dá graça." C.L.P.


 (obra de Edvard Munch)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

[...]A Lua se oferece ao dia
E eu, E eu guardo cada pedacinho de mim
prá mim mesmo
Rindo louco, louco, mais louco de euforia
Bom dia sol !!!
Bom dia, dia !
Eu e o coração [...] Raul Seixas.

A coruja, mãe, sabedoria, ave que zela e cuida, que protege e tudo vê, a noite é toda dela, fim de tarde ela pia alto, avisando a chegada: Tenhas conhecimento...aprenda a ver...a ver...abra seus olhos...veja...

Minha querida que em seu galho sustentará o ceu com estrela e lua, no ventre de uma mulher perdida na carencia do mundo, mas satisfeita com as coisas da vida...

C.L.P

Calo no pé. Tropeçou? por que então?

As ações se auto anulam?
Parece algo domesticado, assim como ensina-se o cão a sentar, rolar...
As nossas ações, quando a pretensão é voltada para o bem e razoavelmente pode atingir quem está próximo nesse mesmo sentindo ou seja, do bem, elas se auto anulam na medida em que qualquer tropeço machuca o calo do pé.
Ou seja, não importam as ações, se entregar pão e leite a quem tem fome, basta dizer que não há manteiga para o pão que a simples ação de doar, anula-se.
As pessoas dão mais importância as coisas em si do que no significado que elas trazem.
Entregue cestas básicas a quem precisa e quando não puder, todas as vezes em que seu tempo foi destinado a atenção ao bem delas, se autodestruirão. Importam as coisas e não as pessoas.

Todavia, ainda faço parte doutro universo.
que bom...

Lágrimas de mel, no branco daquele papel.

"As pedras duras marcam mais, pois quando arrancadas deixam uma marca profunda no solo ao qual estiveram"
Autor: poeta Anacoreta, A.C.

Uma das coisas mais belas da vida é o aprendizado que fazemos junto a ela, a própria vida. As dores, inevitáveis pois sem elas não se aprecia o sabor do prazer, nos deixam por vezes em chão tão fundo que tem-se a impressão de que há alguem a cavar mais o solo na intenção de cairmos infinitamente no abismo.
Sem pretensão, uma corda, uma mão, uma luz, uma ave...nos levanta e subimos para terra firme. Olha-se para onde estávamos e aquele buraco enorme inexiste...não havia queda...não havia abismo....mas há uma marca...! Gravou-se ali a lembrança e por mais que cresçam gramas altas, há que se lembrar que ali, naquele pedacinho...aconteceu algo...

A diferença é que por vezes nos perdemos nessa pequena lembrança como se fosse ainda existente a queda, ou fingimos para apenas nos abstrairmos de uma determinada situação, que nos confunde e não sabemos qual ação tomar....deixamo-nos por ficar ali a observar....ou deixamos que pensem que estamos a observar.

De certo, viver é um aprendizado...diria que a pretensão desse aprender é atribuir pra si a liberdade e isso inclui a morte (física e a mental), a maneira de encara-la, descartando os dogmas religiosos e compreendendo o existencialismo.

Disse-me certa vez, um filosofo, de que vida sem sofrimento não é humano.
Todavia a dor é por vezes tão intensa que a vontade maior é ter os poderes dos deuses e fincar a mão peito adentro e arrancar o coração, com o poder de continuar vivo e nada mais sentir.
Em contra partida, sem o sofrimento não existe possibilidade de viver humanamente. É preciso concordar com isso, aceitar essas condições, desta forma minimiza o conceito pré determinado culturalmente com relação ao sofrimento.

Que mal há nisso? sofro pois vivo, se vivo eis que é condição minha, sofrer.
Também concordo que o ser humano deva ter direito de decidir se quer viver ou morrer.
Como uma fumaça de um cigarro que simplesmente se mistura com o ar e desaparece aquele tom cinzento...
sobra o cheiro...que por algum tempo também some. Assim é o que somos.

 "As pedras duras marcam mais, pois quando arrancadas deixam uma marca profunda no solo ao qual estiveram"

Penso que a alma do ser humano tem vários buracos, algumas rasgadas por navalhas, outras tão cheias que pesam ao invez de terem leveza, outras tão leves que nem se nota enquanto existência.
Contudo, nada é eterno, não pode ser afirmado isso, e os buracos, os rasgos, as marcas sempre modificarão porque a alma é a sensibilidade por mais dura que a mente de um ser humano possa demonstrar.

Quando sofremos adquirimos maior percepção acerca do outro e conseguimos distinguir o bem do mau, e saber o puro e o impuro e sentir o belo e o feio e carregar em nossos olhos quando ela é leve ou pesada.

Algumas pessoas sofrem a toa, outras sofrem por questão de sobrevivencia, da guerra entre humanos, passar em lugares e ser atingido e pela vida continuar a caminhar, sorrir e a cantar.

Todo sofrimento é necessário e portanto é da vida tal como o prazer, a felicidade, a alegria. É do espirito, é do momento da própria vida e é preciso curti-la para não sobrecarregar o emocional. Resolve-se quando a razão compreende.

Embora seja óbvio o sofrimento, algumas coisas da vida são maiores do que essa dor, diria que é acima de qualquer outro sentimento, tão forte a que atinge o espirito, enfraquecendo-o e naturalmente fortalecendo-o.

É a indiferença hostil.
Indiferença temos por qualquer ser, desde que sejamos importante ao outro sem sequer sabermos disso, sabermos que existimos para alguem e portanto, para essa pessoa, nos tornamos indiferentes.
Mas a indiferença hostil é aquela que sabemos da existência que temos na vida de alguem e que esse alguem também nos é vivo em nossa memoria, mas que por hostilidade, ignoramos sem apresentar a quebra do silencio.
Quando passamos por essa sensação, a reflexão vale para perceber o que não conseguimos ver, então estampa em nossa frente que tal ação também temos com outras pessoas. Seria o famoso ditado: colocar-se no lugar do outro.

Então penso: como podemos ser sujeito do sofrimento alheio se não temos essa percepção? O sofrimento é causado por nós quando construimos fantasias que por vezes pensamos estar um castelo mas contruindo uma casa de terror. Nossa percepção sobre as coisas da vida pode nos derrubar ou nos levantar, mas jamais o outro tem participação plena nisso, a não ser quando divide-se o caminho do amor, é preciso de duas mãos juntas...então o céu passa a ser rosa e o castelo é belamente feito de diamantes.

Diria que a frase do autor a qual enfatizo nessa minha reflexão não dá lugar a indiferença hostil que mencionei, relevancia é com relação ao sofrimento. 

Na conclusão que se faz ao ler uma frase poetica, é impreterivel que o entendimento seja individual. O autor se referia a seus sentidos, o que não há relação alguma, com o sentido que coloco aqui....pois é meu.

Todavia, frase essa que penetra em qualquer um pois todos sofremos, todos temos buracos, mas também florimos com o tempo.


Somos sozinhos e todos os passos dependem de nós.

C.L.P. - nem quente, nem frio, tudo morno.

"a chuva desce desse céu, aquelas nuvens que eu desenho no papel, por ora cinza, por ora branquinha, 
meus olhos atentos, as estrelinhas..., o vento forte afasta as nuvens e eis que surgem as tres marias,
pagina em branco...ops...derramei dos meus olhos lágrimas de mel..., no branco daquele papel"
C.L.P









quarta-feira, 9 de maio de 2012

Aquela coisa

Aquela Coisa - Raul Seixas

Meu sofrimento é fruto do que me ensinaram a ser
Sendo obrigado a fazer tudo mesmo sem querer
Quando o passado morreu e você não enterrou
O sofrimento do vazio e da dor
Ficam ciúmes, preconceitos de amor

E então, e então

É preciso você tentar
Mas é preciso você tentar
Talvez alguma coisa muito nova possa lhe acontecer (bis)

Minha cabeça só pensa aquilo que ela aprendeu
Por isso mesmo, eu não confio nela eu sou mais eu
Sim... pra ser feliz e olhar as coisas como elas são
Sem permitir da gente uma falsa conclusão
Seguir somente a voz do seu coração

E então, e então

E aquela coisa que eu sempre tanto procurei
É o verdadeiro sentido da vida
Abandonar o que aprendi parar de sofrer
Viver é ser feliz e nada mais

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e nada mais! C.L.P = 10/05/2012

agente ama, agente odeia, agente sofre, agente luta...

sábado, 5 de maio de 2012

Água Viva - Raul Seixas

Água Viva - Raul Seixas

Eu conheço bem a fonte
Que desce aquele monte
Ainda que seja de noite
Nessa fonte está escondida

O segredo dessa vida
Ainda que seja de noite
"Êta" fonte mais estranha,
que desce pela montanha
Ainda que seja de noite.

Sei que não podia ser mais bela
Que os céus e a terra, bebem dela
Ainda que seja de noite

Sei que são caudalosas as correntes
Que regam os céus, infernos
Regam gentes
Ainda que seja de noite
Aqui se está chamando as criaturas

Que desta água se fartam mesmo
às escuras
Ainda que seja de noite
Ainda que seja de noite...

Eu conheço bem a fonte
Que desce daquele monte
Ainda que seja de noite
Porque ainda é de noite!
No dia claro dessa noite!
Porque ainda é de noite

Contra esse mundo hostil...eu canto


"louco de euforia"  grata Raul!!!

Juan Luis Vives

O Estudo da Sabedoria Nunca Termina
Ao estudo da sabedoria jamais havereis de pôr termo; não acabe ele antes de acabada a vossa vida. Em três coisas cumpre ao homem pensar e exercitar-se enquanto viva: em saber bem, em bem falar e em bem obrar.
Desterra dos teus estudos a arrogância; não fiques presumido pelo que sabes, porque tudo quando sabe o mais sábio homem do mundo nada é em comparação com o muito que lhe falta saber. Mui escasso é, e muito obscuro e incerto, tudo quanto os homens alcançam nesta vida; e os nossos entendimentos, detidos e presos neste cárcere do corpo, estão oprimidos por grandíssima escuridão, trevas e ignorância, e o corte ou fio do engenho é tão cego que não pode cortar, nem passar-lhe de raspão sequer, coisa alguma.
Afora isto, a arrogância faz com que não possas tirar proveito do estudo; creio que terá havido muitos que não chegaram a sábios e que poderiam tê-lo sido se não dessem a entender que já o eram.
Deveis guardar-vos, também, de porfias, de competências, de menosprezar ou amesquinhar o que os outros sabem ou não sabem, de desejar vanglórias. Para isto, principalmente, servem os estudos: para nos ensinarem a fugir de tais vícios e de outros semelhantes.

Juan Luis Vives



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Sobre o autor: fonte de informação: http://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_Luis_Vives
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Relevância contemporânea

Vives imaginou e descreveu uma teoria abrangente da educação, que pode ter diretamente influenciado os ensaios de Michel Eyquem de Montaigne. Recomenda o cuidado com o corpo, preocupa-se com o aspecto psicológico, valoriza os métodos indutivos e experimentais e reconhece a importância da observação dos factos e da acção como meio de aprendizagem. A par do ensino de latim, insiste na necessidade do adequado estudo da língua materna. Era admirado por Thomas More e Erasmo, que escreveu que Vives "irá ofuscar o nome do programa Erasmus." Vives é considerado o primeiro estudioso a analisar directamente a psique. Realizou extensas entrevistas com pessoas, e observou a relação entre a exposição de afectos, e as palavras específicas e questões que estavam discutindo. Embora não se saiba se Freud estava familiarizado com o trabalho de Vives, o historiador da psiquiatria Gregory Zilboorg consider Vives como um padrinho da psicanálise (A History of Medical Psychology, 1941).
Vives ensinou monarcas. A sua ideia de uma educação infantil diversificada e concreta precede Jean Jacques Rousseau, e pode ter influenciado indirectamente Rousseau por meio de Montaigne. Vives alterou a retórica clássica para expressar a sua posição a favor da virgindade feminina - o que é de interesse para os historiadores do género. Entre os numerosos "tratados a favor e contra as mulheres" na Espanha do século XVI, Vives segue "um meio termo"(p. xxiv-xxv), nem misógino nem apologético. Preocupa-se com a necessidade da educação feminina, considerando fundamental a mulher estar no lar. Apesar de muito influente em 1520-40, Vives tem sido desconhecido fora de áreas acadêmicas especializadas. Acompanhou as mudanças do pensamento científico e valorizou os métodos indutivos que defendiam o exercício do raciocínio para alcançar uma conclusão, a partir de dados particulares.
 
Obras principais

Opuscula varia (1519), coleção de pequenas obras onde se inclui a primeira das obras filosóficas de Vives, De initiis, sectis et laudibus philosophiae.
Adversus Pseudodialecticos (1520).
De pauperum subventione. Sive de humanis necessitatibus libri II (1525), lidar com o problema da pobreza.
De Europae dissidis et Republica (1526).
De concordia et discordia in humano genere (1529).
De pacificatione (1529).
Esset quam misera vita chistianorum sub Turca (1529).
De disciplinis libri XX (1531). Um trabalho enciclopédico, dividido em três partes: De artium corruptarum causis, Disciplinis tradendis e De Artibus.
De anima et vita (1538).
De Europeae statu AC tumultibus, uma mediação para solicitar ao Papa a paz entre os príncipes cristãos.
Introductio sapientiam ad (1524), a mais importante das suas obras pedagógicas.
De christianae feminae institutione, dedicada a Catarina de Aragão.
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