O Estudo da Sabedoria Nunca Termina
Ao estudo da sabedoria jamais havereis de pôr termo; não acabe ele antes de acabada a vossa vida. Em três coisas cumpre ao homem pensar e exercitar-se enquanto viva: em saber bem, em bem falar e em bem obrar.
Desterra dos teus estudos a arrogância; não fiques presumido pelo que sabes, porque tudo quando sabe o mais sábio homem do mundo nada é em comparação com o muito que lhe falta saber. Mui escasso é, e muito obscuro e incerto, tudo quanto os homens alcançam nesta vida; e os nossos entendimentos, detidos e presos neste cárcere do corpo, estão oprimidos por grandíssima escuridão, trevas e ignorância, e o corte ou fio do engenho é tão cego que não pode cortar, nem passar-lhe de raspão sequer, coisa alguma.
Afora isto, a arrogância faz com que não possas tirar proveito do estudo; creio que terá havido muitos que não chegaram a sábios e que poderiam tê-lo sido se não dessem a entender que já o eram.
Deveis guardar-vos, também, de porfias, de competências, de menosprezar ou amesquinhar o que os outros sabem ou não sabem, de desejar vanglórias. Para isto, principalmente, servem os estudos: para nos ensinarem a fugir de tais vícios e de outros semelhantes.
Juan Luis Vives
Ao estudo da sabedoria jamais havereis de pôr termo; não acabe ele antes de acabada a vossa vida. Em três coisas cumpre ao homem pensar e exercitar-se enquanto viva: em saber bem, em bem falar e em bem obrar.
Desterra dos teus estudos a arrogância; não fiques presumido pelo que sabes, porque tudo quando sabe o mais sábio homem do mundo nada é em comparação com o muito que lhe falta saber. Mui escasso é, e muito obscuro e incerto, tudo quanto os homens alcançam nesta vida; e os nossos entendimentos, detidos e presos neste cárcere do corpo, estão oprimidos por grandíssima escuridão, trevas e ignorância, e o corte ou fio do engenho é tão cego que não pode cortar, nem passar-lhe de raspão sequer, coisa alguma.
Afora isto, a arrogância faz com que não possas tirar proveito do estudo; creio que terá havido muitos que não chegaram a sábios e que poderiam tê-lo sido se não dessem a entender que já o eram.
Deveis guardar-vos, também, de porfias, de competências, de menosprezar ou amesquinhar o que os outros sabem ou não sabem, de desejar vanglórias. Para isto, principalmente, servem os estudos: para nos ensinarem a fugir de tais vícios e de outros semelhantes.
Juan Luis Vives
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Sobre o autor: fonte de informação: http://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_Luis_Vives
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Relevância contemporânea
Vives imaginou e descreveu uma teoria abrangente da educação, que pode ter diretamente influenciado os ensaios de Michel Eyquem de Montaigne. Recomenda o cuidado com o corpo, preocupa-se com o aspecto psicológico, valoriza os métodos indutivos e experimentais e reconhece a importância da observação dos factos e da acção como meio de aprendizagem. A par do ensino de latim, insiste na necessidade do adequado estudo da língua materna. Era admirado por Thomas More e Erasmo, que escreveu que Vives "irá ofuscar o nome do programa Erasmus." Vives é considerado o primeiro estudioso a analisar directamente a psique. Realizou extensas entrevistas com pessoas, e observou a relação entre a exposição de afectos, e as palavras específicas e questões que estavam discutindo. Embora não se saiba se Freud estava familiarizado com o trabalho de Vives, o historiador da psiquiatria Gregory Zilboorg consider Vives como um padrinho da psicanálise (A History of Medical Psychology, 1941).
Vives ensinou monarcas. A sua ideia de uma educação infantil diversificada e concreta precede Jean Jacques Rousseau, e pode ter influenciado indirectamente Rousseau por meio de Montaigne. Vives alterou a retórica clássica para expressar a sua posição a favor da virgindade feminina - o que é de interesse para os historiadores do género. Entre os numerosos "tratados a favor e contra as mulheres" na Espanha do século XVI, Vives segue "um meio termo"(p. xxiv-xxv), nem misógino nem apologético. Preocupa-se com a necessidade da educação feminina, considerando fundamental a mulher estar no lar. Apesar de muito influente em 1520-40, Vives tem sido desconhecido fora de áreas acadêmicas especializadas. Acompanhou as mudanças do pensamento científico e valorizou os métodos indutivos que defendiam o exercício do raciocínio para alcançar uma conclusão, a partir de dados particulares.
Vives imaginou e descreveu uma teoria abrangente da educação, que pode ter diretamente influenciado os ensaios de Michel Eyquem de Montaigne. Recomenda o cuidado com o corpo, preocupa-se com o aspecto psicológico, valoriza os métodos indutivos e experimentais e reconhece a importância da observação dos factos e da acção como meio de aprendizagem. A par do ensino de latim, insiste na necessidade do adequado estudo da língua materna. Era admirado por Thomas More e Erasmo, que escreveu que Vives "irá ofuscar o nome do programa Erasmus." Vives é considerado o primeiro estudioso a analisar directamente a psique. Realizou extensas entrevistas com pessoas, e observou a relação entre a exposição de afectos, e as palavras específicas e questões que estavam discutindo. Embora não se saiba se Freud estava familiarizado com o trabalho de Vives, o historiador da psiquiatria Gregory Zilboorg consider Vives como um padrinho da psicanálise (A History of Medical Psychology, 1941).
Vives ensinou monarcas. A sua ideia de uma educação infantil diversificada e concreta precede Jean Jacques Rousseau, e pode ter influenciado indirectamente Rousseau por meio de Montaigne. Vives alterou a retórica clássica para expressar a sua posição a favor da virgindade feminina - o que é de interesse para os historiadores do género. Entre os numerosos "tratados a favor e contra as mulheres" na Espanha do século XVI, Vives segue "um meio termo"(p. xxiv-xxv), nem misógino nem apologético. Preocupa-se com a necessidade da educação feminina, considerando fundamental a mulher estar no lar. Apesar de muito influente em 1520-40, Vives tem sido desconhecido fora de áreas acadêmicas especializadas. Acompanhou as mudanças do pensamento científico e valorizou os métodos indutivos que defendiam o exercício do raciocínio para alcançar uma conclusão, a partir de dados particulares.
Obras principais
Opuscula varia (1519), coleção de pequenas obras onde se inclui a primeira das obras filosóficas de Vives, De initiis, sectis et laudibus philosophiae.
Adversus Pseudodialecticos (1520).
De pauperum subventione. Sive de humanis necessitatibus libri II (1525), lidar com o problema da pobreza.
De Europae dissidis et Republica (1526).
De concordia et discordia in humano genere (1529).
De pacificatione (1529).
Esset quam misera vita chistianorum sub Turca (1529).
De disciplinis libri XX (1531). Um trabalho enciclopédico, dividido em três partes: De artium corruptarum causis, Disciplinis tradendis e De Artibus.
De anima et vita (1538).
De Europeae statu AC tumultibus, uma mediação para solicitar ao Papa a paz entre os príncipes cristãos.
Introductio sapientiam ad (1524), a mais importante das suas obras pedagógicas.
De christianae feminae institutione, dedicada a Catarina de Aragão.
Opuscula varia (1519), coleção de pequenas obras onde se inclui a primeira das obras filosóficas de Vives, De initiis, sectis et laudibus philosophiae.
Adversus Pseudodialecticos (1520).
De pauperum subventione. Sive de humanis necessitatibus libri II (1525), lidar com o problema da pobreza.
De Europae dissidis et Republica (1526).
De concordia et discordia in humano genere (1529).
De pacificatione (1529).
Esset quam misera vita chistianorum sub Turca (1529).
De disciplinis libri XX (1531). Um trabalho enciclopédico, dividido em três partes: De artium corruptarum causis, Disciplinis tradendis e De Artibus.
De anima et vita (1538).
De Europeae statu AC tumultibus, uma mediação para solicitar ao Papa a paz entre os príncipes cristãos.
Introductio sapientiam ad (1524), a mais importante das suas obras pedagógicas.
De christianae feminae institutione, dedicada a Catarina de Aragão.
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