quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Estorias

"Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos." La Rochefoucauld

Ilusão do nocaute

Menina levada, sapeca.
Sorria para todos, graciosa.
Não percebia o ataque de uma vespa
...as pessoas fugiam enquanto ela via era uma borboleta.
Apaixonou-se rápido e esse fogo sustentou seu coração em puro amor.
Príncipe reinando em outro reino, muito distante...princesas, divas, ninfas...
Plebeia, pobreza tua em vida não era sua infelicidade, frutas lhes faziam bem
Ao príncipe, os ouros e diamantes eram seus alimentos, que lhe caiam mal
Uma carta que voa para torre, recai em sua mesa...desperta-o no mesmo horário que ela
e então a menina mulher contempla a caneta de pena trazida pelo bico da ave
....Curioso! pensam os dois.
De presença bem feita, impecável, mente atrapalhada triste e solitário, lê a poesia. Mal sabe de sua autoria.
Desengonçada, natural e expontanea, alegria corujinha danada, sabida! "e eu precisava de algo para  continuar a escrever" pensou a menina ao pegar a caneta de penas pretas.

Sol surge, invadindo o quarto dos dois, a janela ficara aberta durante  madrugada
Os pássaros, o aroma das flores, pessoas cantando...
Despertaram...já estava tarde...
Ansiosos esperavam o anoitecer...qual surpresa o destino os presenteará? pensavam ao mesmo tempo.

Ela...jogava aos ventos mais uma carta
Ele...deixava em sua janela no topo da torre, uma pétala de rosa...
o vento levava a carta...
a coruja entregava a pétala...

Por vezes a natureza malcriada..., forte vento ela trocava de lugar com a ave sábia
a pétala retornava a torre e ao bico da coruja nada chegava

Não compreendendo...,  a menina
.....cartas e cartas em disparada...
Príncipe ocupado, ociosidade da arte, não entendia as palavras grafadas...
Traquinagem de criança..., brava cantava sorrindo em lágrimas...

Cartas e pétalas ao mundo eram espalhadas.
O povo todo se encantava, embora não entendiam nada...

O destino, essa coisa estranha mítica
os uniu na incógnita da vida
A menina cantava para não entender o que lhe esperava
O jovem déspota disfarçava ser forte, não conhecia a quem amava

Nocaute!
deram-lhe lacunas em seus peitos, alma de amantes sem amarem-se ao mesmo tempo na brisa dos ventos, no acolhimento das asas da ave...
o silencio, quimera do grito verdadeiro mas fragilizado pelo tempo.

Seus escritos voam carinhosamente nas mãos dos ventos...
A coruja lhe entrega pétalas em pedaços, pareciam demonstrar o receio e o medo do forte e poderoso tirano príncipe perfeito que não lhe diz a verdade e corre como louco temeroso das cartas que lhe chegam ao vento...mas sem deixar seus olhos escaparem do céu...na esperança de receber as cartas escritas com tintas de mel...

Cansam a coruja e o vento
Nocaute da vida nesses corações desatentos
Não foram fortes o suficiente para enfrentar as grandes pedras entre torre e jardim
Um diz nada temer mas tem duvidas das coisas da vida, outra diz da duvida das coisas da vida e a coragem de subir em quantas torres forem necessárias para encontrar as outras pétalas...

Ave dengosa, charmosa e determinada
Bica a menina com força, deixa-a acordada.
"que vale escrever tantas cartas se apenas tu criança tem forças para uma nova escalada? enquanto o misterioso dono das pétalas, de endereço desconhecido de qual torre é sua morada! não lhe enviou jamais ao menos uma flor, quem diga então o local certo para não se perder em sua caminhada?
nem tampouco esbravejou do nocaute da vida e caminhou empurrando as pedras grandes para alcançar o seu jardim? deixe menina, coloque um ponto final nessa tua ousadia"

Seu jardim a florir, seus pensamentos a crescer...Ponto final a colorir em ultimo bilhete entregue ao vento  

"nem por mim, nada para mim, por mim não ri, para mim não sorri, não a amizade, não ao amor, não queres nada, para ti sou o nada, fique com as outras cartas, não escalarei as pedras para chegar em sua torre, se me perder e morrer de sede e fome não me salvará, não me ajudará, ao abismo me jogará."

E o déspota romântico meticuloso, pétalas a entregar, pessoalmente em mãos de corações frágeis.
Percebe o aroma de um perfume conhecido...era igual a de uma carta escrita em pergaminho..., gruda em sua face um bilhete pequeno de letras miúdas e tremulas...! seu coração percebe a calma da fria natureza... , se acolherá na duvida da certeza, do receio e do medo escondidos e diz para que todos escutem:

"minha menina entendeu...nada para mim é ela, nada quero dela, nada com ela, não a amizade, não ao amor, é para mim nada, sim...venha que se sentir fome ou sede morrerás e no abismo que construí sua alma ficarás, minha menina...entendestes agora que de ti minha alma jamais quererá..."

O reino entra em festa, todos percebem a felicidade do príncipe...

No grande campo, o jardim repleto de flores, todos comemoram em um espaço só de gramado...

"esse espaço foi reservado para plantar tua rosa, mas não me enviastes mais as pétalas..."
- essencialmente sorridente, pensou a menina mulher em breve forte sofrimento ...

"essa festa regada a vinho e musica, eram para sua chegada em minha torre, mas você desistiu de voar até mim..."
- essencialmente serio e calmo, punhal triste em seu pensamento, príncipe sabiamente admirando a felicidade falsa dos outros.

O céu em outros lugares...presenteia ao mundo doutros com cartas românticas e pétalas de rosas...
a plebeia desconhece a traquinagem dos ventos...que pegam-lhe as cartas...
o príncipe não suspeita que a coruja rápida rouba suas pétalas...

O mundo doutros passa a ser lindamente ridículo!


a magia do tempo ajudam-os a se esquecerem ... restando apenas a sensação da duvida.

Nocaute...o sentimento as vezes recebe nocaute..
...pia alto a coruja ao se alimentar de um pequeno bicho que pouco antes estava a descansar seguramente ao seu lado...


fim.
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