domingo, 24 de julho de 2011

Sabor doce da vida

Embora os anos tenham passado, parecia ter sido ontem, que ela estava a brincar de pular corda, esconde-esconde, jogo de amarelinha, brincadeiras de rua..., broncas dos adultos, a obrigação de escovar os dentes, tomar banho, guardar os brinquedos. Guardar os brinquedos na caixa, guardar e trancar para sempre o ar das brincadeiras, não brincar...matar a inocencia...é preciso agora ser maquiavélica, eis que o mundo é assim, é preciso ter outros olhos, ficar atenta, as pessoas são más, as pessoas não aceitarão sua inocencia como atribuição boa, mas a usarão como forma de diminui-la. É adulta....embora os anos tenham passado...parecia ontem que estava a brincar e sorrir leve como uma pluma....agora adulta sente o peso da seriedade dos adultos..."não é permitido brincar".

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Dia desses li um texto de André Cardoso, sobre a criança que há em nós, adultos. Naquele dia passava por um momento de desejo de matar meu lado infantil por encontrar demasiadamente pessoas serias sem proposito algum da existencia dessa seriedade em determinados assuntos.

Comum para alguns a leitura em silencio, o meu silencio requer musica para concentração na leitura de um texto reflexivo. (o que não occorre com os livros filosoficos, a esses preciso estar só, permissão somente ao som da natureza).

Um belo texto. Tal reflexão trouxe-me o sabor do gosto de brigadeiros de festas infantis, minha ótica teve a luz inocente das crianças e um brilho de saudade de partes da minha infancia, me fez desistir de matar meu lado criança. Não tive outra opção senão pegar um pirulito, meu caderno e uma caneta, sentar euforica em minha cama, e escrever com a mesma intensidade de alegria que saboreava o morder daquela bala de morango gigante presa a um palito de madeira.

Quando escrevo em meu caderno e as palavras saem de forma que não coincidem com o que quero expressar, amasso o papel e brinco de tiro ao alvo na lixeira. Se eu acertar, sinal de que coisas boas acontecerão, se eu errar, nada bom acontecerá....! me vejo rindo sozinha, a consciencia adulta desssas bobagens acumuladas com o espirito infantil, torna tudo mais leve na expressão de um riso.

Concordo sim, que há uma criança dentro de nós, todos adultos tem em momento ou outro alguma ação boba, infantil.

A questão é que não desejamos nos mostrar crianças, necessitamos que os outros nos vejam adultos.

A musica que eu escutava ao ler o texto reflexivo de André Cardoso, era uma do Pink Floyd:  COMFORTABLY NUMB.

Gosto de brincar com as coincidencias, e logo fui verificar a tradução da musica.

Ela diz, na minha interpretação, sobre o adulto que entorpecido pelas estranhezas ações dos outros, chora por dentro ao se deparar com o desaparecer de suas lembranças de crianças, seus sentimentos que antes eram puros e simplóreos, estavam sendo despejados na correnteza da maldade do ser humano adulto.

Um adulto entorpecido e confortavel, assim se fez necessário para sobreviver num mundo de adultos, cuja ações nada tem de inocencia e ingenuidade, é maquiavélica e dotada de maldade, controle. Um ser humano a deter ações do outro por puro controle. "isso não pode, isso não deve ser feito, isso não deve ser falado, vc está errado, isso é feio, isso é chato, teu lado bom...o que pensava ser bom, não é, durma, faça dormir a criança que há em você, seja confortável, seja confortável....(para os olhos do mundo...)...

O que seria deixar viver a criança que há dentro de nós?

Não significa agir como um adulto mentalmente atrasado (retardado), significa ao meu ver, compreender que o mundo de hoje está tão equivocado, que há assuntos muito mais importantes a serem levados a sério e que requerem sim atenção especial, e nada, simplesmente nada de riso e brincadeiras.

Não brinco e não acho graça, com a condição nos ensinos publicos destinados as crianças do mundo atual, não acho normal ver crianças pedindo esmolas, e tais esmolas nem sequer são dinheiro, comida, é pedido de esmola de atenção, de sentir-se gente. Não acho normal adolescentes desejando matar e matando por consequencia dos atos desumanos sofridos quando criança.

As crianças de hoje, que geram noticias escandalosas para o gosto do bolso da midia, estão gritando: "CHEGA"

Mas os adultos não a escutam. As pessoas acham comum.

Neste mundo o qual não pertenço, essas situações passaram a ser normal. "que culpa eu tenho", é assim que as pessoas pensam.

Não há culpa, mas há o sentimento moral. Quem consegue rir para situações dessas e bravejar ao ver um adulto brincar de jogar bolinhas de papel amassado no lixo tentando a sorte, não condiz com a natureza humana.

Em comunidades virtuais, colocam-se assuntos sociais a serem discutidos e a isso chamo de grande ofensa moral. Oras, discutir e julgar, soluções não existem! são esses os tipos de opiniões colocadas.

A solução para tais problemas sociais está no agir e sobretudo no agir do sufrágio, o voto. Não há nem mais a questão do "saber votar em um politico", a questão é ter consciencia de NÃO VOTAR.

A cada pãosinho que se compra na padaria, é gerado imposto destinado ao governo, para arrecadação de dinheiro suficiente para fazer valer os princípios fundamentais da Constituição Federal sobretudo o direito a dignidade humana (alimento, saude, moradia, ensino e cultura).

Todos nós sabemos que tal dinheiro arrecadado, o chamado "erário" (que significa dinheiro do povo cujo guardião é os cofres publicos), vai pra custear confortos para os politicos.

E por que o ser humano hoje acha isso normal? consegue sorrir para esse tipo de aberração mas é incapaz graça para coisas bobas e inocentes?


As crianças são mais corajosas. Elas refletem e agem, elas se divertem. Os adultos pensam e não agem e ainda pensam ser errado aquele que sorri.

Seriedade serve para coisas grandes, o riso exsite para sermos crianças. Tenhamos portanto paixão pelas simplicidades que a vida oferece. Paixão pela vida. Só assim gerará respeito e o equilibrio em ser adulto mantendo-se viva a criança que há dentro de nós.

Será que algum dia o caos o qual caminhamos, resultará na ordem? cuja leveza será a consciencia do que deve ser feito, do que merece ser esbracejado e do poder de sentar no chão, relaxar e rir?

"Nada é mais fácil do que se iludir, pois todo o homem acredita que aquilo que deseja seja também verdadeiro." Demóstenes
"Nada se parece tanto com a inocência como uma indiscrição." Oscar Wilde
"A alegria só pode brotar de entre as pessoas que se sentem iguais." Balzac
"Os homens só se compreendem uns aos outros na medida em que os animam as mesmas paixões." Stendhal 














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citação:
(reflexão de Carla Laforgia, baseada no texto composto no link abaixo, de A. Cardoso)
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Vídeo da musica do Pink Floyd com tradução:

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Um comentário:

  1. Dentro do meu silencio - este que causou tanto grito - li suas palavras, que soube fazer uma emendação suave do texto que escrevi sobre a criança em nós, os pensadores. Agradeço-te por isso, do fundo do meu silencio.

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