domingo, 16 de setembro de 2012

Alteza, Zé Ramalho

São maravilhas
Que estão sempre ao meu redor
Tantas faíscas
Escondidas nos lençóis
E as madrugadas
Ficam todas amarelas
Todas janelas
Filtram sempre a luz do sol
São transparentes
As retinas, os teus olhos
Tantos amigos
Eu consigo me tornar
E as tuas garras
São de bronze, são douradas
Aveludadas fincam firmes ao tocar
No corpo dos amantes
Ou na mais fina contração
Do que não houve
Na nossa relação
O que mais fulgurou
Foi mesmo o importante
Foi mesmo o importante
Foi mesmo o importante
Ou menos importante..

sábado, 15 de setembro de 2012

Um conto do retrato da paz

Noite de primavera, calçada lotada...ouvia-se barulhos de garrafas sendo abertas
e um toca Raul que se repetia sempre...
Discos de vinil e fitas k7, galera de dois bairros se juntavam naquele bar

Ela tinha 17 anos, sofrendo por um amor inacabado que só na sua ilusão havia começado.
Nem sequer suspeitava que ali, naquela calçada, estava para chegar um novo deus
Era uma quinta-feira e não poderia ficar até tarde,
dia seguinte o dia era cheio, ela trabalha em uma academia de ginastica até o final de tarde,
depois malhava e voltava para casa, se isolava.
Nas noites de quinta a domingo eram momentos dos quais se encontrava com sua turma,
sentia-se bem...com algumas pessoas...
Quase meia noite, era o momento de subir a rua rumo a sua casa...
Mas antes de ir, senta-se ao lado de uma amiga, que canta uma musica dos Paralamas do Sucesso enquanto seu namorado toca um violão, 3 pessoas se juntam, e a noite segue...
Um barulho ensurdecedor... "owww..." gritam os que estavam frente ao bar..., uma brasília velha e barulhenta estaciona...
De dentro saem 3 caras e se juntam com a "galerinha" do violão...todos se conheciam..., mas ela...não sabia quem eram esses 3. Gente do "bem"...gente tranquila.

Um deles, olhos verdes que a fitaram por algum tempo..., ela...temerosa...timidez que não a deixava em liberdade...decidiu ir embora..."tchau" "já?" ...silencio....

Ela, não notou que aquela dor da paixão havia sido tomada por uma nova porém sem dor mas sim temor...O novo, o inesperado...

Semanas depois, no mesmo bar, a brasilia velha barulhenta aparece. Os 3 amigos de lá saem...
Reencontro bom. Ele lhe conta a historia da brasilia, sua vida, o carro que era de seu falecido pai. Se emocionam...Primeiro beijo, e o namoro inicia .....e continua por longos anos.

Ele tinha 22 anos, ela 17. Ambos eram um tanto independentes, a vida os levou a se virarem sozinhos.
Além da brasília velha barulhenta do falecido pai, ele tinha uma moto. 
A principiio a relação estava bem, finais de semana ele a deixava guiar sua moto, seguiam viagem, faziam mergulho, acampavam.
Não faziam planos de se casarem, não faziam plano algum juntos mas um apoiava moralmente o outro com relação aos sonhos que tinham. Ele era um sonhador até então..., era a figura paterna naquele lar com suas 3 irmãs mais novas e um irmão mais velho.
A mãe...corria dia a dia para o "ganha pão". Trabalhava em uma gráfica e nos mostrou assustada as fotos que havia recebido da morte dos mamonas assassinas...era inedito...monstruoso e decadente.

Ele estava completamente apaixonado, enamorado. Quando ela conheceu sua casa, logo ao inicio do namoro, ele mostrou uma surpresa que havia preparado e disse te-la feito no dia em que se conheceram. Era de dia, ensolarado, ela conheceu sua familia e entrou no quarto dele para ver a supresa...
Parada na porta do quarto...observa tudo...e fica sem palavras ao ver seu rosto pintado na parede al alto, acima da cama e ao lado alguns quadros pequenos de cantores do rock e mpb.

Não soube como agradecer ou demonstrar o sentimento, ela ficou paralisada pois ele não tinha foto dela...a imagem estava linda, de tom azul, com sombreado. Azul...a cor favorita dela.
Ela não disse nada...mas sentiu a invasão daquele amor...mas não disse nada. Apenas sorriu e continuou como se tudo fosse normal. Deixando a impressão de que não era nada especial, nada demais, era nada!

Aquele bar que se conheceram havia sido fechado apos uns anos.
Lembrança gostosa, era um bar familia mas que se transformou com o tempo em um territorio de encontros entre laranjas trazidos de um terceiro bairro vizinho. A galera antiga que ia para ouvir um som, conversar e tocar um violão já não mais frequentavam ali. O bar fechou.

Uma vez ou outra ele saia com alguns amigos para acender uma ganjha...e bem na realidade isso passou a ser todos os dias...porém nada que inteferisse no existencial dele.
Um tempo normal, comum, a vida seguindo seu percurso, e mudanças sendo notadas...
Ele não trabalhava mais...e ela custeava ambos, quando estavam juntos, cigarro, gasolina para a moto, tudo...
O humor dele começou a ficar instavel ...um ciume exagerado, um certo desejo de comando, posse.
Ela se incomodou...aquelas atitudes ou demonstravam quem ele era ou sua personalidade estava sendo reconstruida para pior. Já estavam há um pouco mais de 2 anos.

Ele vendeu o carro, vendeu a moto, sua estante de livros já estava vazia, vendeu as roupas....e ela descobre em seus pertences o crack! eis o motivo que motivava a vida dele...
era esse o grande desejo...que o dominava

A batalha agora era traze-lo de volta. A quimica da droga desencadeou uma outra doença, a esquizofrenia. Dureza, realidade suja, cruel. Ele queria e não conseguia, sua força de vontade não lhe era suficiente...Ela era seu pilar...

Foi internado, hospital publico. Voltou pior. Louco. Extremamente louco. Dizia estorias, via bichos e pessoas folcloricas.
O apoio moral, o amor, o carinho, ela sentia tanto por ele que chegou a pedir ao diabo que se deus não pudesse ajudar que então ele a ajudasse...ela trocaria o sofrimento dele pelo dela, ela sofreria tudo no lugar dele. Pediu gritando, olhado para uma nuvem qualquer..."Me ajuda! me ajuda! eu sofro no lugar dele, eu aguento..." nenhuma resposta! o céu não trovoava, não tinha chuva e nem o sol que cegava. Nem deus e nem diabo.

Alguns meses, quando ela e a familia dele pensavam que ele estava bem, novamente percebem que ele voltara ao dominio do desejo infernal.
Seu pai, unico amigo, lhe telefonava do Rio época em que trabalhara para o PT vendendo jornais. Época em que havia ilusão de que o partido era voltado ao social e não mascarado, que não era o capitalismo sangrento e selvagem, era um partido voltado ao povo sofredor, aos esquecidos. Ele pressentia quando ela estava triste, lhe telefonava sempre e ela dizia ao pai: "não aguento...não aguento pai, ele sumiu há 3 dias, não sei o que fazer para que ele saia desse vicio, ele tinha parado, estava melhor"
Seu pai respondia que ninguem deixava de ser algo mas deixava de fazer algo. Ele não havia mudado, ele havia dado um tempo, caberia então portanto a ela mudar a si mesma pois ninguem pode mudar o outro, o que muda é a forma que vemos e nunca o outro. Ele a colocava na decisão sobre sua propria vida demonstrando que ela estava vivendo a vida dele e não a dela.

Correram alguns meses e já estavam na quarta internação, as 3 ultimas particulares, a mesma em que Renato Russo ficara cujo lema era: "Só por hoje", foi nessa clinica que nasceu a bela musica "Só por hoje". (não quero mais sofrer, só por hoje não vou me destruir). A ideia era a de que deveriam viver o dia e não pensar no amanhã e nem no passado, que a luta era feita no hoje, ...
que por hoje o amor prevaleceria.

Ela ia em todas as reuniões, escrevia para ele, ajudava a pagar a clinica...Ele estava se esforçando, ele queria sair desse dominio que tomava conta do espirito dele, ele sabia que era forte. Ele queria...mas não o suficiente...

A vida dela estava condicionada a ajudar os outros, era responsavel pela sua mãe, pelo seu pai e pelo namorado. Percebeu que tão jovem e tanto o que já havia passado em sua vida, que não poderia se deixar...esquecer-se...precisava resgatar o amor proprio, ser egoista e viver a propria vida.

Ele estava melhor, mas não se desfez dos camaradas amigos que lhe entregavam ao desperdicio do tempo...
a familia dele unida a ajuda-lo, ao menos ele tinha apoio, ao passo que ela não tinha senão o dela mesma...seus ombros estavam machucados...segura-lo doía, por mais amor que ela sentia...

Conversou com ele, disse que iria viajar nas ferias com uma amiga e que esse tempo seria para se desprenderem um do outro, voltariam um dia talvez...

Ele não aceitou...gritou, chorou, gritou mais, xingou, quebrou coisas...bateu...Um tapa apenas....um apenas que não fazia parte da natureza dela, sempre calma, amavel e paciente...bastou...o tapa deu-lhe força para não se render ao choro, para não se deixar novamente...ela deu as costas e foi embora  nos exatos 4 anos completos de relacionamento.

Um longo tempo...anos se passaram. Uma visita em seu local de trabalho: Ele e a irmã.
Haviam acabado de sair da clinica, ela desconhecia que ele havia se internado novamente. Ele havia tido alta e sua primeira vontade foi a de ve-la.
...ela não esperava...mas contente ficou por ve-lo bem, percebeu que seu olhar estava vivo novamente. A convidaram para um chá de bebê da irmã mais nova.


Ela foi..., percebeu que ele estava arrumado, e aqueles olhos verdes a fitavam...Ela timida novamente...como no passado...mas sem temor e também sem amor...e sim um carinho eternizado, afeto grandioso, amizade....
Ele mostra a reforma que fez no quarto..., duas prateleiras com livros, fita k7 e discos de vinil, ele dizia ter encontrado com o antigo dono do bar...e recuperado muitos dos discos que na época, era de costume, a galerinha levar os seus.

A imagem dela não estava mais na parede. Ela sente um certo alivio e o que sobra é a lembrança da pureza do amor.

Na despedida, ele pede que ela volte, ela sorri...sua forma de fuga era o sorriso, levar como se fosse uma brincadeira..., deu um beijo em seu rosto e subiu rumo ao ponto de onibus.

Nunca mais se viram e nem se falaram. Apesar de continuarem a tendo amigos em comum. Ela não sabia nada mais sobre a vida dele.

Continuou o percurso, historias preencheram todo um tempo. O isolamento cada vez mais necessario, e como era dificil que entendessem essa completude...

Amores vieram, não marcaram, ela não amava, ela temia. Os passos caminhavam porque precisavam seguir,  a vida gritava por vida, a alma precisava sorrir mais. 
Deu chance a vida, ao amor. Tornou-se mãe e uma nova historia começou...A escuridão que a cegava se dissipou, aquela menina...um bebê de olhos grandes de cores vivas a olhava com pura vida, com puro e pleno amor....

Revendo sem pretensão, fotos antigas, numa caixa grande, encontra a foto dele. Viaja ao passado...Tudo tem horizonte diferente...

Procura por ele, seu instinto quer saber como ele está. Se tem filhos, se está casado. Ela busca...ela procura...E encontra o que não gostaria de ter descoberto: a realidade.


Seus olhos pareciam conter chamas de fogo, ardiam, ela se olha no espelho e eles estão vermelhos, não consegue chorar, nao consegue jogar a emoção para fora, não sabe o que sente...e se lembra da sensação unica que sentiu ao ver seu rosto desenhado na parede do quarto dele e como ela queria ter-lhe dito naquela hora:

EU TE AMO ALÊ

como um filme ela se recorda de tudo, do inicio até o ultimo segundo juntos, se lembra de momentos que não foram tão grandes na época em que viveu com ele, mas que tornaram-se grandes na lembrança atual, cuja mente tem maior discernimento....

Mas a morte é a parede final, não há possibilidade de dizer o que não foi dito, não há espaço para arrependimento pois a estranheza das coisas da vida são estranhas porque são, não há certo e nem errado, há o que foi, o que existiu.

Ela percebe que nesse fim que a vida deu a ele, ele soube pelo brilho dos olhos dela o amor nascendo, ele soube o que ela não conseguiu dizer enquanto existia. Ele soube porque ela se foi e ele soube que ela o amou enquanto foi preciso amar.

Sem mais questionar a si, nessa lembrança que vem a tona, a realidade de seu fim, de ter estacionado no tempo....
......ela vai a farmácia e compra um colirio. Deixa seus olhos molhados...e coloca uma musica que ele havia intitulado como sendo deles...musica que tocavam ao violão naquela noite em que se conheceram naquele bar....uma canção que ele cantara em seus ouvidos por muitas vezes quando não era dominado pelo desejo daquela droga, enquanto seu espírito pertencia a ele...

Ela segue a vida...constatando novamente que nela, na vida, contém perolas, ouro e magia...., no céu sempre a lua de noite, que brilha...o sol quando nasce, nasce outro, outro dia... que é preciso viver fatalmente o mesmo dia, que só por hoje ela lembrará daquele retrato que ele desenhara...que só por hoje ela gravará a passagem desse amor como uma flor latente e bela... 


*que seu ultimo suspiro tenha sido com as melhores lembranças da tua vida.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Contos da vida

Quando passa, a lembrança que fica deve ser a boa
E a lembrança poderá ser doce ou amarga mesmo sendo boa
Porem somente quando passa, o racional sente e vê e o coração é quem decide
qual a lembrança deve viver e qual passado deve morrer
E o que ficará de bom ou de ruim na decisão do coração
se fará apenas pela razão e de encontro com a natureza do próprio ser
Quando passa, nasce um certo poder de matar e de fazer viver
As linhas do caderno seguem contando um conto da vida
Os pensamentos analisam em um contexto geral e não parcial
Compreende-se os pedaços sem graça, com graça e os de mágoa
A raiva é no presente algo diferente, que no passado nem mesmo existiu
O que não se viu antes, percebe-se hoje, de real ou de invenção
Quando passa, a emoção racionaliza, vê-se então as formas das coisas
da forma que se queria...se verdade ou se mentira..., passou...
Que horas poucas valeriam uma vida talvez...
Que quando a musica toca a lembrança enobrece a alma
e a alma sente o que no passado não conseguia entender
Quando tudo passa...é delicioso ser pego de surpresa
ouvindo uma canção que te leva de volta as horas, risos, sentidos
...auroras...de uma lembrança individual, de um passado que se registra
nas linhas dos contos do bom e intenso que se vive...na vida.




terça-feira, 11 de setembro de 2012

Johannes Climacus

" A imediatividade é a realidade, a linguagem é a idealidade, a consciência é a contradição. No momento em que enuncio a realidade, surge a contradição, pois o que eu digo é a idealidade[...]" Johannes Climacus - (Sorem Kierkegaard - É preciso duvidar de Tudo, pag 108)


Nada mais belo do que uma amizade literaria e filosofica - Constantin - fev/2009

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"A essência de toda arte bela, de toda arte grandiosa, é a gratidão" Nietzsche



domingo, 2 de setembro de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

RAFFAELLO SANZIO - Italiano Renacentista

(Escola de Atena)

(Sagrada Familia)

(Transfiguração)

(La pesca Milagrosa)


(A Anunciação)

(O Triunfo de Galatea)

(A Madona Sistina)

(San Miguel)


Visita ao vaticano - tour virtual da sala do artista italiano Rafael Sanzio - link:  
http://mv.vatican.va/2_IT/pages/x-Pano/SDR/Visit_SDR_01.html

domingo, 26 de agosto de 2012

Imaginar é surpreender

O interessante da vida são as surpresas que acontecem.
O inesperado. Aquilo que não sabemos explicar.
O movimento.
Relembrar o passado e sorrir ou lamentar-se mas não se arrepender. Seguir.
A musica, o perfume, lugares...deixam registros...
O que foi forte e intenso, não se basta, quer mais.
O fraco se lamenta em metáforas no palco teatral construído para os olhos do mundo

Impulso do desejo, surpreender e ser surpreendido.
Abstrair-se da realidade..., do que fere e faz mal.

Ninguém consegue realizar desejos doutros...pois será incompleto se o fizer.

O que não surpreende é descartavel, embora o que é descartavel também possa supreender.
Surpreender a si mesmo, com a imaginação...
Tudo é movimento e nele há uma linda performance.


"Aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa está, por assim dizer, morto; os seus olhos estão apagados." Albert Einstein
"A imaginação é mais importante que o conhecimento. Conhecimento auxilia por fora, mas só o amor socorre por dentro. Conhecimento vem, mas a sabedoria tarda." Albert Einstein
"A imaginação é positivamente aparentada com o infinito." Charles Baudelaire
"Imaginar é o princípio da criação. Nós imaginamos o que desejamos, queremos o que imaginamos e, finalmente, criamos aquilo que queremos."Bernard Shaw
"Assim como a cera, naturalmente dura e rígida, torna-se, com um pouco de calor tão moldável que se pode levá-la a tomar a forma que se desejar, também se pode, com um pouco de cortesia e amabilidade, conquistar os obstinados e os hostis." Arthur Schopenhauer



sábado, 25 de agosto de 2012

Que mentira a de não dizer
o que eu sabia já antes de lhe conhecer
fingir que algumas coisas de ti estive atenta para aprender
coisas e tantas que eu há tempos estava a ler
Mas foi porque estava eu a pensar: é diferente este ser que aqui está...
Invenções em arte não para agradar, desejos meus e não teus
Que amor, amizade, coleguismo ajam fins...
do nada que não começou
o direito de me calar do teu medo de não me encarar
Há um tempo então que criei uma poesia,
pairava no ar da minha sede de amar
inventei um homem que entendia minha dor em poesias
compreendeu minha tristeza...e despertou-me...fiquei atenta
Que é então a vida senão por essas surpresas...
Surpresas deixam-me viva, vida: surpreenda-me!
Amo a invenção da alma em poesia
a realidade me assusta, medo ou covardia?
desfaço-me dessa duvida que preenche-me em agonia
eu sei dos amores dessa vida
amor é poesia
mas chamou-me de pedra
quanta ousadia...
metaforas e não diretas...
Sentimento não se faz por palavras discretas...
...e quando não sentimento por mim...pensei aqui...: enche linhas de qualquer coisa
Gato? em cima do muro morre num susto?
é...
em cima do muro deixou de ter no passado atrasado...
momentos a mais nessa vida.
eu.



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Viver ou viver

"Eu vivo sempre o momento, dentro de uma visão trágica de mundo. No começo, é difícil, mas depois que acostuma, é uma beleza. Eu curto tanto o momento de felicidade quanto o de dor, até o fim. [...]. Tudo vai, tudo volta.
é simples, mas não é fácil...A vida é só uma. É pra viver ou viver. Mimimi é pros fracos."
Alexandre Anello


(Salvador Dali)
..................................

 "Tudo evolui; não há realidades eternas: tal como não há verdades absolutas." Nietzsche

Arte da vida, arte de amar.

As palavras e os olhares
insinuam segredos de prontos a brincarem
Se diz-me sobre as belezas desta vida
poderia eu pensar ser sobre mim, quem sabe?
Se me olhares com olhos tristes e lábios sorridentes
tua face contorcida fala-me da tua ira, talvez?
Se escrevestes aquela ensandecida poesia
perturbaria meu coração mesmo se dela nem dona seria?
Se conto um conto risonho dramático
não seria com exatidão sobre minha vida quando foi?
Se confesso pecado ou orgulho amaldiçoado descontente
deveria provavelmente lhe dizer outra vez que falo-te de outro espirito errante que não mente?

...........................As palavras seguem com graça
se divertem construindo piada
Anedotas e metáforas
O amor escondido, o desejo perdido, sentimento findo, novo inicio ou reiniciado está
Não se sabe o certo e nem o erro
Mas o olhar...embora ele sempre esteja também brincar
Não esconde o que a alma está a dizer...
e é preciso ter sentimento para decifrar e entender............................................................
aquilo que nas palavras está a esconder, coisas que nem o subconsciente poderia demonstrar
é arte da vida...a arte de amar...


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Foram

"A eternidade não existe. Um dia o planeta desaparecerá e o Universo não saberá que nós existimos."
José Saramago

Nada é eterno.
Nem dores, nem amores, nem lágrimas
No vácuo estreito da memoria
Nada sobra
Nem vida, nem morte pois até do morto se esquece
Na volúpia volumosa a veracidade não sobrevive
No oculto das palavras dilacera a verdade e nem a mentira prevalece
Nada é eterno agora

Mas amanhã seríamos.





RealityFace

Mediocridade virtual

É incompreensivel a necessidade de divulgar, ao meu ver, banalidades.
Seria falta de diálogo entre os que convivem?
Seria excesso de carência?


Divulgação de afazeres diários como o que almoçou, jantou, comprou...

Fujo de algumas funções comuns para a maioria, me recuso a ouvir frivolidades, fujo...fujo...
e no entanto...percebo que nem a pequena ilusão da era digital permite que as pessoas passem a imaginar no lugar de se vangloriar com pequenices...

Informações que não procuro, encontro neste outro lado...

E neste lado de cá, informações que me fazem sentir inútil no mundo...

Há lugar para ir? o pensamento leva...

Caótico...parece-me que as pessoas perderam a noção...ou eu a perdi?

"Como é que um tipo que é medíocre há-de saber que é medíocre, se ele é medíocre?" Vergílio Ferreira

Estorias

"Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos." La Rochefoucauld

Ilusão do nocaute

Menina levada, sapeca.
Sorria para todos, graciosa.
Não percebia o ataque de uma vespa
...as pessoas fugiam enquanto ela via era uma borboleta.
Apaixonou-se rápido e esse fogo sustentou seu coração em puro amor.
Príncipe reinando em outro reino, muito distante...princesas, divas, ninfas...
Plebeia, pobreza tua em vida não era sua infelicidade, frutas lhes faziam bem
Ao príncipe, os ouros e diamantes eram seus alimentos, que lhe caiam mal
Uma carta que voa para torre, recai em sua mesa...desperta-o no mesmo horário que ela
e então a menina mulher contempla a caneta de pena trazida pelo bico da ave
....Curioso! pensam os dois.
De presença bem feita, impecável, mente atrapalhada triste e solitário, lê a poesia. Mal sabe de sua autoria.
Desengonçada, natural e expontanea, alegria corujinha danada, sabida! "e eu precisava de algo para  continuar a escrever" pensou a menina ao pegar a caneta de penas pretas.

Sol surge, invadindo o quarto dos dois, a janela ficara aberta durante  madrugada
Os pássaros, o aroma das flores, pessoas cantando...
Despertaram...já estava tarde...
Ansiosos esperavam o anoitecer...qual surpresa o destino os presenteará? pensavam ao mesmo tempo.

Ela...jogava aos ventos mais uma carta
Ele...deixava em sua janela no topo da torre, uma pétala de rosa...
o vento levava a carta...
a coruja entregava a pétala...

Por vezes a natureza malcriada..., forte vento ela trocava de lugar com a ave sábia
a pétala retornava a torre e ao bico da coruja nada chegava

Não compreendendo...,  a menina
.....cartas e cartas em disparada...
Príncipe ocupado, ociosidade da arte, não entendia as palavras grafadas...
Traquinagem de criança..., brava cantava sorrindo em lágrimas...

Cartas e pétalas ao mundo eram espalhadas.
O povo todo se encantava, embora não entendiam nada...

O destino, essa coisa estranha mítica
os uniu na incógnita da vida
A menina cantava para não entender o que lhe esperava
O jovem déspota disfarçava ser forte, não conhecia a quem amava

Nocaute!
deram-lhe lacunas em seus peitos, alma de amantes sem amarem-se ao mesmo tempo na brisa dos ventos, no acolhimento das asas da ave...
o silencio, quimera do grito verdadeiro mas fragilizado pelo tempo.

Seus escritos voam carinhosamente nas mãos dos ventos...
A coruja lhe entrega pétalas em pedaços, pareciam demonstrar o receio e o medo do forte e poderoso tirano príncipe perfeito que não lhe diz a verdade e corre como louco temeroso das cartas que lhe chegam ao vento...mas sem deixar seus olhos escaparem do céu...na esperança de receber as cartas escritas com tintas de mel...

Cansam a coruja e o vento
Nocaute da vida nesses corações desatentos
Não foram fortes o suficiente para enfrentar as grandes pedras entre torre e jardim
Um diz nada temer mas tem duvidas das coisas da vida, outra diz da duvida das coisas da vida e a coragem de subir em quantas torres forem necessárias para encontrar as outras pétalas...

Ave dengosa, charmosa e determinada
Bica a menina com força, deixa-a acordada.
"que vale escrever tantas cartas se apenas tu criança tem forças para uma nova escalada? enquanto o misterioso dono das pétalas, de endereço desconhecido de qual torre é sua morada! não lhe enviou jamais ao menos uma flor, quem diga então o local certo para não se perder em sua caminhada?
nem tampouco esbravejou do nocaute da vida e caminhou empurrando as pedras grandes para alcançar o seu jardim? deixe menina, coloque um ponto final nessa tua ousadia"

Seu jardim a florir, seus pensamentos a crescer...Ponto final a colorir em ultimo bilhete entregue ao vento  

"nem por mim, nada para mim, por mim não ri, para mim não sorri, não a amizade, não ao amor, não queres nada, para ti sou o nada, fique com as outras cartas, não escalarei as pedras para chegar em sua torre, se me perder e morrer de sede e fome não me salvará, não me ajudará, ao abismo me jogará."

E o déspota romântico meticuloso, pétalas a entregar, pessoalmente em mãos de corações frágeis.
Percebe o aroma de um perfume conhecido...era igual a de uma carta escrita em pergaminho..., gruda em sua face um bilhete pequeno de letras miúdas e tremulas...! seu coração percebe a calma da fria natureza... , se acolherá na duvida da certeza, do receio e do medo escondidos e diz para que todos escutem:

"minha menina entendeu...nada para mim é ela, nada quero dela, nada com ela, não a amizade, não ao amor, é para mim nada, sim...venha que se sentir fome ou sede morrerás e no abismo que construí sua alma ficarás, minha menina...entendestes agora que de ti minha alma jamais quererá..."

O reino entra em festa, todos percebem a felicidade do príncipe...

No grande campo, o jardim repleto de flores, todos comemoram em um espaço só de gramado...

"esse espaço foi reservado para plantar tua rosa, mas não me enviastes mais as pétalas..."
- essencialmente sorridente, pensou a menina mulher em breve forte sofrimento ...

"essa festa regada a vinho e musica, eram para sua chegada em minha torre, mas você desistiu de voar até mim..."
- essencialmente serio e calmo, punhal triste em seu pensamento, príncipe sabiamente admirando a felicidade falsa dos outros.

O céu em outros lugares...presenteia ao mundo doutros com cartas românticas e pétalas de rosas...
a plebeia desconhece a traquinagem dos ventos...que pegam-lhe as cartas...
o príncipe não suspeita que a coruja rápida rouba suas pétalas...

O mundo doutros passa a ser lindamente ridículo!


a magia do tempo ajudam-os a se esquecerem ... restando apenas a sensação da duvida.

Nocaute...o sentimento as vezes recebe nocaute..
...pia alto a coruja ao se alimentar de um pequeno bicho que pouco antes estava a descansar seguramente ao seu lado...


fim.
...........................................................................

Literatura - dois breves textos de Jean de La Bruyére

A Fronteira Entre a Amizade e o Amor
Há na pura amizade um prazer a que não podem atingir os que nasceram medíocres. A amizade pode subsistir entre pessoas do mesmo sexo a diferentes, isenta mesmo de toda a materialidade. Uma mulher, entretanto, olha sempre um homem como um homem; e reciprocamente, um homem olha uma mulher como uma mulher; essa ligação não é paixão nem pura amizade: constitui uma classe aparte.
O amor nasce bruscamente, sem outra reflexão, por temperamento, ou por fraqueza: um detalhe de beleza nos fixa, nos determina. A amizade, pelo contrário, forma-se pouco a pouco, com o tempo, pela prática, por um longo convívio. Quanta inteligência, bondade, dedicação, serviços e obséquios, nos amigos, para fazer, em anos, muito menos do que faz, às vezes, num minuto, um rosto bonito e uma bela mão!
O tempo, que fortalece as amizades, enfraquece o amor. Enquanto o amor dura, subsiste por si, e às vezes pelo que parece dever extingui-lo: caprichos, rigores, ausência, ciúme; a amizade, pelo contrário, precisa de alento: morre por falta de cuidados, de confiança, de atenção. É mais comum ver um amor extremo que uma amizade perfeita.
O amor e a amizade excluem-se um ao outro. Aquele que teve a experiência de um grande amor descuida a amizade; e quem se esgotou na amizade ainda não fez nada para o amor.
O amor começa pelo amor, e só se passaria da mais forte amizade para um amor fraco. Nada se parece mais com uma viva amizade do que essas ligações que o interesse do nosso amor nos faz cultivar.

Jean de La Bruyére..............................................................................................................

Saber Falar e Calar

É grande miséria não ter bastante inteligência para falar bem, nem bastante juízo para se calar. Eis o princípio de toda a impertinência. Dizer de uma coisa, modestamente, que é boa ou que é má, e as razões por que assim é, requer bom senso e expressão; é um problema. É mais cómodo pronunciar, em tom decisivo, não importa se prova aquilo que afirma, que ela é execrável ou que é miraculosa.

Jean de La Bruyére


(citador.pt)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

( Lista 1 )- A Leitura não Deve Substituir o Pensamento- Marcel Proust

A Leitura não Deve Substituir o Pensamento
Enquanto a leitura for para nós a iniciadora cujas chaves mágicas nos abrem no fundo de nós próprios a porta das habitações onde não teríamos conseguido penetrar, o papel dela na nossa vida será salutar. É perigoso ao invés quando, em vez de nos despertar para a vida pessoal do espírito, a leitura tende a substituí-la, quando a verdade deixa de nos surgir como um ideal que só podemos realizar através do progresso íntimo do nosso pensamento e do esforço do nosso coração, mas como uma coisa material, depositada entre as folhas dos livros como um mel preparado pelos outros e que só temos de nos dar ao trabalho de alcançar nas prateleiras das estantes e de saborear em seguida passivamente num perfeito repouso de corpo e de espírito.

Marcel Proust





De Novembro 2011 até agosto 2012. (lista abaixo em ordem desordenada)


Projeto Secreto Universos - Silvia Malamud Kormes

Publicações pré Psicanalíticas e Esboços Ineditos (Coleção das obras completas de Freud graciosamente presenteada por minha prima)

Os grandes julgamentos da historia - Os Távoras (Amigos do livro - Lisboa) (graciosamente herança de meu pai)

A Queda - Albert  Camus (um presente de amigo e pensador Constantin)

O mito de Sísifo - Albert Camus  (um presente de amigo e pensador Constantin)

O Estrangeito - Albert Camus  (um presente de amigo e pensador Constantin)

Numa Fria - Charles Bukowski

A Arte do Inutil - A. Anacoreta

O futuro de uma ilusão - Sigmund Freud

O pensamento filosofico da antiguidade - Huberto Rohden

Rimbaud - Jean-Bptiste Baronian  (DEMAIS DEMAIS DEMAIS)



Factótum - Charles Bukowiski (ah esse poeta foi admirado por Sartre, eis um lado maldito da poesia, apesar do linguajar muitas vezes brusco, há uma certa ousadia que encanta...)


Compreender Wittgenstein - Kai Buchholz

A Ilha Deserta - Gilles Deleuze









segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Olhos de Sonhos

Certa noite soturna, solitária,
Vi uns olhos estranhos que surgiam
Do fundo horror da terra funerária
Onde as visões sonâmbulas dormiam...
Nunca da terra neste leito raso
Com meus olhos mortais, alucinados...
Nunca tais olhos divisei acaso
Outros olhos eu vi transfigurados.
A luz que os revestia e alimentava
Tinha o fulgor das ardentias vagas,
Um demônio noctâmbulo espiava
De dentro deles como de ígneas plagas.
E os olhos caminhavam pela treva
Maravilhosos e fosforescentes...
Enquanto eu ia como um ser que leva
Pesadelos fantásticos, trementes.
Na treva só os olhos, muito abertos,
Seguiam para mim com majestade,
Um sentimento de cruéis desertos
Me apunhalava com atrocidade.
Só os olhos eu via, só os olhos
Nas cavernas da treva destacando:
Faróis de augúrio nos ferais escolhos,
Sempre, tenazes, para mim olhando...
Sempre tenazes para mim, tenazes,
Sem pavor e sem medo, resolutos,
Olhos de tigres e chacais vorazes
No instante dos assaltos mais astutos.
Só os olhos eu via! -- o corpo todo
Se confundia com o negror em volta...
Ó alucinações fundas do lodo
Carnal, surgindo em tenebrosa escolta!
E os olhos me seguiam sem descanso,
Suma perseguição de atras voragens,
Nos narcotismos dos venenos mansos,
Como dois mudos e sinistros pajens.
E nessa noite, em todo meu percurso,
Nas voltas vagas, vãs e vacilantes
Do meu caminho, esses dois olhos de urso
Lá estavam tenazes e constantes.
Lá estavam eles, fixamente eles,
Quietos, tranqüilos, calmos e medonhos...
Ah! quem jamais penetrará naqueles
Olhos estranhos dos eternos sonhos!

poeta Cruz de Souza

domingo, 12 de agosto de 2012

"Os limites da minha linguagem significa os limites do mundo"

citação de Ludwig Wittgenstein



" O pensamento é vasto, constante...
o uso das palavras não descreve o pensamento em seu todo...
não expressa a totalidade do pensamento nem por sinais, símbolos,
a linguagem limita-se ao seu mundo porque apenas você o entende...
e ainda que você use formas para facilitar o entendimento, pode ser que essas formas
estejam sendo empregadas erroneamente..."  lacrimis nocte


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sedução cronológia

"Amar é seduzir e o encanto é saborear a sedução naturalmente seduzindo.
 A paixão é revelada ao perceber que o tempo não teve o mesmo percurso que o dos outros, o tempo não existiu, ele existe, o amor não foi, ele é." C.L

terça-feira, 24 de julho de 2012

Até que a verdade nos separe

O livro "Compreender Wittgenstein" fez-me pausar a leitura do filosofo Deleuze. Preciso realmente me concentrar pois penso que buscarei mais por escritos de Wittgenstein.

Ainda na metade, pois volto e releio mesmo tendo compreendido...e dessa vez sem pressa para concluir ou agregar uma nova percepção....com pressa.

Transcrevo aqui trecho da página 22 do Livro Compreender Wittgenstein - Kai Buchholz

"  Wittgenstein continua desenvolvendo esta argumentação nascida diretamente de uma situação específica da vida, o que se expressa, entre outras coisa, numa observação filosófica que escreve em seu diário, no dia 5 de julho de 1916 - ele se encontra justamente no front:
O mundo é independente de minha vontade. Ainda que tudo que desejássemos acontecesse, isso seria, por assim dizer, apenas uma graça do destino, pois não há nenhum vínculo lógico entre vontade e mundo que o garantisse, e o suposto [vínculo] físico decerto não é algo que pudéssemos querer *(TGB 167)

* TGB = Tagebucher (diários) 1914-1916, vol. 1, p. 87-187 


"O mundo é independente de minha vontade."  Wittgenstein


O que significa essa singela citação? remete as ideias de Schopenhauer em  "Mundo como vontade e representação"?!   (De um lado a vontade e de outro a representação)

Wittgenstein enfatiza que tudo o que faz pela própria vontade não tem relação com os acontecimentos no mundo ainda que seus desejos fossem existentes seria portanto...apenas sorte, um acaso.


É realmente possível vivermos em plena ilusão? 

vamos a leitura...antes que a verdade chegue a mim...



Insensatez

"Porque há o direito ao grito. Então eu grito". Clarice Lispector
"Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos" Cecília Meireles
"Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina" Cora Coralina

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Coração em musica

"E tanto bateu que feriu, feriu a pele que sangrou, sangrou sem parar que doeu, doeu forte que os pensamentos eram de amor, amor que nasce puro, puro que se desfaz quando cresce condição, condição de me desfazer ser o que não sou, sou assim de falar ou escrever, escrever sentimento poetizar não pensar, pensar e calcular é o mesmo que mentir, mentir para adular não significa ferir, ferir que tanto feriu e durante todo o meu ser ferirá, a cada passo que dou giro o mundo, mundo esse que só penso em amar, amar de amar de amor dar, dar por receber o amor sem perceber, perceber e receber carinho e afeto, afeto que me marca e me tira do chão, chão que me prende quando quero voar, voar noutra realidade aquela coisa de quando nasce, nasce o desejo de amar, e tanto bateu que feriu, que curou e pronto está, está pronto para continuar loucamente a amar"
Carla L.

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A Alma do Amor
Quando um homem, quer tenda para os rapazes ou para as mulheres, encontra aquele mesmo que é a sua metade, é um prodígio como os transportes de ternura, confiança e amor os tomam. Eles não desejariam mais separar-se, nem por um só instante. E pensar que há pessoas que passam a vida toda juntas, sem poder dizer, diga-se de passagem, o que uma espera da outra; pois não parece que seja o prazer dos sentidos que lhes faça encontrar tanto encanto na companhia uma da outra. É evidente que a alma de ambas deseja outra coisa, que não pode dizer, mas que adivinha e deixa adivinhar.

Platão
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A Doce Incerteza do Romance
A própria essência do romance é a incerteza. Se algum dia me casar, farei tudo para me esquecer desse facto. 

Oscar Wilde
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Quem É Que Tu Amas?
- Quem é que tu amas? - continuou Murphy. - Eu, tal como sou. Podes desejar o que não existe, não podes amá-lo. - Nada mal, para um Murphy. - Se assim é, por que diabo te esforças tanto para me modificar? Para poderes deixar de me amar - aqui, a voz subiu e atingiu uma nota bastante honrosa - para deixares de estar condenada a amar-me, para seres dispensada de me amar.

Samuel Beckett
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Porque Não Te Calas?

O silêncio - porque não te calas? Decerto, como depois da morte, cair-te-á em cima uma horda de malfeitores que se defendem na calúnia e no insulto para seres tu a defender-te da ofensa deles. Ser o primeiro a caluniar é ficar logo por cima. A não ser, como nas aldeias, que respondas com outro insulto. E a razão ficará então com quem tiver melhor pulmadura.

Vergílio Ferreira




quinta-feira, 19 de julho de 2012

CtrlC + Ctrl V - 10 fatos sobre o cérebro humano

Curiosidades: 10 fatos sobre o cérebro humano
Controla a temperatura corpórea, a pressão arterial, a freqüência cardíaca e a respiração. Recebe milhares de informações vindas dos nossos vários sentidos (visão, audição, olfato), controla nossos movimentos físicos ao andarmos, falarmos, ficarmos em pé ou sentarmos. Nos deixa pensar, sonhar, raciocinar e sentir emoções.

A “máquina” responsável por coordenar, controlar e regular todas essas tarefas é por um órgão que tem mais ou menos o tamanho de uma pequena couve-flor: o cérebro.

Confira 10 fatos sobre o cérebro humano, que provavelmente você não sabia:

1 – O CÉREBRO NÃO SENTE DOR:
Por não ter receptores para isso, o cérebro não sente dor. É por isso que neurocirurgias podem ser feitas enquanto o paciente está acordado, apesar de ser assustador. Aliás, isso ajuda os cirurgiões a manter o controle sobre o procedimento – e não bagunçar funções motoras ou de visão, por exemplo.

2 – HÁ MAIS DE 160 MIL QUILÔMETROS DE VASOS SANGUÍNEOS NO CÉREBRO:
O cérebro é uma estrutura relativamente pequena e pesa menos de 2 kg, mas contém um número monstruoso de elementos: 100 bilhões de neurônios, conectados entre si por 100 trilhões de sinapses. Em termos de informação, o cérebro é capaz de armazenar 1.000 terabytes (1 terabyte = 1.024 gigabytes). MITO: Nós usamos 100% da capacidade do nosso cérebro, ao contrário do que dizia aquela famosa lenda dos 10%.

3 – O CÉREBRO DE EINSTEIN FOI PRESERVADO:
Poucas horas depois de sua morte, em 1955, Einstein teve seu cérebro retirado pelo Dr. Thomas Harvey sem autorização da família. O legista simplesmente tomou chá de sumiço e só foi encontrado 23 anos depois por um jornalista persistente. O médico admitiu que ainda estava com o cérebro de Einstein, cortado em 240 partes e preservado em jarros com formaldeído.

4 – HÁ GRANDES DIFERENÇAS ENTRE OS DOIS LADOS DO CÉREBRO
O Cérebro possui dois hemisférios, sendo um deles mais voltado a pensamentos racionais e analíticos (o esquerdo) e o outro voltado mais para pensamentos conceituais e visuais (o direito). Eles trabalham de forma “invertida”: se você machuca sua mão direita, a dor é processada pelo hemisfério esquerdo. Curiosamente, você sobreviveria mesmo que perdesse completamente um dos hemisférios (não sei se muito bem).

5 – O CÉREBRO DOS HOMENS É 10% MAIOR QUE O DAS MULHERES
Antes de começarem as piadas masculinas, vale destacar que, embora seja relativamente menor, o cérebro feminino possui mais células nervosas do que o masculino. Além disso, ele realmente tende a priorizar “emoções”, enquanto o dos homens tende a priorizar a “lógica”. Mas o cerebro de homens homossexuais tende a funcionar de maneira mais similar ao de mulheres.


6 – SEU CÉREBRO É MAIS ATIVO ENQUANTO VOCÊ DORME

Durante o sono, nosso cérebro processa intensamente as informações que coletou durante o dia – alguns cientistas acreditam que esse fenômeno é responsável pelos sonhos. Até hoje, ninguém sabe exatamente por que, de fato, sonhamos. Contudo, já foi comprovado que pessoas com QI mais elevado tendem a sonhar mais, e que tirar um cochilo durante o dia pode ajudá-lo a ter mais disposição e foco para trabalhar.

7 – É POSSÍVEL MANIPULAR SONHOS
O termo Sonho Lúcido, que descreve o fenômeno, foi criado na década de 1880 pelo psiquiatra alemão Frederik Willem van Eeden, mas só ganhou força quase um século depois, na década de 1960. Hoje em dia, há inúmeros sites e artigos explicando como controlar os próprios sonhos.

8 – NINGUÉM SABE POR QUE DAMOS RISADA
O riso é um fenômeno unicamente humano, que começa a partir dos 4 meses de idade. Também é algo “contagioso” e difícil de fingir. Ainda assim, até hoje ninguém descobriu exatamente por que certas situações provocam riso, nem por que nem todo mundo acha graça em uma mesma piada.

9 – TAMANHO NÃO IMPORTA MUITO
Ao contrário do que muitos pensam, ter um cérebro maior não garante, necessariamente, que a pessoa seja mais inteligente. O de Einstein, por exemplo, pesava 1,23 kg (a média para um adulto é de 1,4 kg).

10 – O QI MAIS ALTO DO MUNDO É 210
O coreano Kim Ung-yong, nascido em 1962, possui o QI mais alto do mundo. Aos seis meses de idade, já começou a falar. Aos oito, conseguia entender álgebra. Começou a frequentar o curso de física na Universidade de Hanyang aos 4 anos e, quando se formou, foi convidado pela NASA para continuar seus estudos nos EUA. De volta à Coreia do Sul, em 1978, trocou a física pela engenharia civil e obteve um título de doutorado na área.

Fonte:  http://www.foradopadrao.com.br/curiosidades-10-fatos-sobre-o-cerebro-humano/




..... 'acho' que nada tão supreendente....ou novidade...
apenas interessante...apenas. muito
c.l

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Tempo de inverno

Se eu não consigo frear o vento forte que vem em minha direção, e se ao mudar de direção o vento continua igual, então é mesmo correto esperar o tempo frear o vento...
E o tempo mudou...o vento forte que vem em minha direção...o vejo tão diferente que percebi então...que aquele de antes não era o que eu queria...era o que eu imaginava...que eu queria
mas não é isso que eu preciso...isso era o que eu pensava que queria...
nesse tempo de inverno...

delicia de inverno de tempo de vento forte que meu coração chama...
outra imaginação...
é essa que eu precisava, é a que eu quero

domingo, 15 de julho de 2012

Fragmentos poéticos da Poetisa Safo - (Σαπφώ)

Como a Doce Maçã

Como a doce maçã que rubra, muito rubra,
lá em cima, no alto do mais alto ramo
os colhedores esqueceram; não,
não esqueceram, não puderam atingir.



Contemplo Como o Igual dos Próprios Deuses

Contemplo como o igual dos próprios deuses
esse homem que sentado à tua frente
escuta assim de perto quando falas
com tal doçura,

e ris cheia de graça. Mal te vejo
o coração se agita no meu peito,
do fundo da garganta já não sai
a minha voz,

a língua como que se parte, corre
um tênue fogo sob a minha pele,
os olhos deixam de enxergar, os meus
ouvidos zumbem,

e banho-me de suor, e tremo toda,
e logo fico verde como as ervas,
e pouco falta para que eu não morra
ou enlouqueça.



De Alceu a Safo

Ó cheia de pureza,
ó Safo coroada de violetas
que docemente ris:

eu te diria de bom grado certa coisa,
se não fosse a vergonha que me impede.



Safo para Alceu

Se quisesses tão só o bom e o belo,
se em tua boca más palavras não tramasses,
não haveria essa vergonha nos teus olhos
e poderias exprimir-te francamente.







sábado, 14 de julho de 2012

deixe-se um pouco e vá a outro mundo

é bem verdade....
sair do proprio mundo para conhecer um pouco do mundo doutro...
é bem loucura...
mas é preciso coragem entrar em outro mundo sem se desfazer do proprio...
é...pode ser que não...
sei lá...
arranque-me

O relogio


é esse...
o cronologico apenas serve para cessar o tempo

sexta-feira, 13 de julho de 2012

José Jorge Letria

Um Pouco Mais de Nós

Podes dar uma centelha de lua, 
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem tecto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem factura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.

E, afinal, tudo isso quanto vale ?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo acto amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.

José Jorge Letria


Rabindranath Tagore - O Último Negócio

O Último Negócio


Certa manhã 
ia eu pelo caminho pedregoso,
quando, de espada desembainhada,
chegou o Rei no seu carro.
Gritei:
— Vendo-me!
O Rei tomou-me pela mão e disse:
— Sou poderoso, posso comprar-te.
Mas de nada lhe serviu o seu poder
e voltou sem mim no seu carro.

As casas estavam fechadas
ao sol do meio dia,
e eu vagueava pelo beco tortuoso
quando um velho
com um saco de oiro às costas
me saiu ao encontro.
Hesitou um momento, e disse:
— Posso comprar-te.
Uma a uma contou as suas moedas.
Mas eu voltei-lhe as costas
e fui-me embora.

Anoitecia e a sebe do jardim
estava toda florida.
Uma gentil rapariga
apareceu diante de mim, e disse:
— Compro-te com o meu sorriso.
Mas o sorriso empalideceu
e apagou-se nas suas lágrimas.
E regressou outra vez à sombra,
sozinha.

O sol faiscava na areia
e as ondas do mar
quebravam-se caprichosamente.
Um menino estava sentado na praia
brincando com as conchas.
Levantou a cabeça
e, como se me conhecesse, disse:
— Posso comprar-te com nada.
Desde que fiz este negócio a brincar,
sou livre.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

(citador.pt)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

um toque de vida - lacrimis nocte

sentimentos

Ludwig Wittgenstein - Ctrl c Ctrl v sem medo de ser feliz.

e então há tanto para ler...sinto uma euforia que comanda todo o meu ser.
por indicação da pensadora Yedra, a proxima leitura é: Compreender Wittgenstein - autor  Kai Buchholz

(falta encontrar em algum sebo...ou comprar messsssss)
...
Meu singelo blog se dedicará a indicar livros literarios e filosoficos e claro...poesias...
Falta listar e lembrar todos...


...................
Citações de Wittgenstein: (fonte:  http://www.quemdisse.com.br)

"Tudo que pode ser dito, pode ser dito com clareza. "

"Humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo."

"Diga-lhes que esta vida não cessou de me maravilhar."

"Eu sou meu mundo. (O microcosmos). (5.63)"

"Filosofar é como tentar descobrir o segredo de um cofre: cada pequeno ajuste no mecanismo parece levar a nada. Apenas quando tudo entra no lugar a porta se abre."

"Filosofia é a batalha entre o encanto de nossa inteligência mediante a linguagem."

"O mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas (1.1)"

"O que eu sei sobre Deus e o sentido da vida? Eu sei que este mundo existe"

"O segredo do demagogo é se fazer passar por tão estúpido quanto sua platéia, para que esta se imagine ser tão esperta quanto ele."

"Onde no mundo se há de notar um sujeito metafísico? Você diz que tudo se passa aqui como no caso do olho e do campo visual. Mas o olho você realmente não vê. E nada no campo visual permite concluir que é visto a partir de um olho. (5.633)"

"Quando alguém está com medo da verdade, então é sempre uma meia verdade que o está ameaçando."

"Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar."

"Todas as proposições têm igual valor. (6.4)"

"É por isso que tampouco pode haver proposições na ética. Proposições não podem exprimir nada de mais alto. (6.42)"

"Filosofia é a batalha entre o encanto de nossa inteligência mediante a linguagem."

"Os limites de minha linguagem significam os limites de meu mundo. (5.6)"

"Que bom que não me deixo influenciar!"

"Sentimos que, mesmo depois de serem respondidas todas as questões científicas possíveis, os problemas da vida permanecem completamente intactos"


....
minha proxima leitura...dizem ser complexo, mas existem pessoas que preferem o dificil mesmo sem compreender o básico...seriam as tolas...! eu sou tola...